"O que sabemos é uma gota, o que ignoramos é um oceano."
Issac Newton

Introdução à Química

Se você é um ser humano semelhante à maioria dos habitantes do globo terrestre, então já deve ter sentido falta de dinheiro. Que moleque já não saiu juntando moedinhas perdidas em casa para poder ir jogar fliperama ou comprar um gibi? E que jovem em fase de alistamento, quando ninguém contrata o camarada sequer pra encher laje, não se desespera quando a noite de sexta está chegando e no bolso da calça jeans surrada não tem nem metade do dinheiro da consumação da balada? E a mocinha interessada naquele celular rosa, último modelo, mas que após pagar as contas com o salário suado no caixa da papelaria, só ficou com R$ 18,50 e ainda tem que pagar o cinema do namorado que é o rapaz já citado em fase de quartel!


Dureza essa vida, não é? Mas não se sinta só, isso vem acontecendo há muitos séculos. É por causa dessa pindaíba histórica que durante a Idade Média uns caras conhecidos como “alquimistas” tentavam transformar metais furrebas em ouro. Para isso, eles contavam com a ajuda da misteriosa pedra filosofal. É como se você tentasse transformar sua nota de um real em nota de cem reais. Ok, grande novidade, tem muito malandro na cadeia porque fez isso, mas eles não utilizaram a pedra filosofal, certo? Na verdade, a pedra filosofal era o grande objetivo dos alquimistas que acreditavam que através dela poderiam alcançar o poder divino de criar, transformando metais inferiores no precioso ouro e também através dessa pedra obteriam o elixir da longa vida.


Hoje tudo isso parece bobagem para nós e elixir da longa vida soa como nome de produto do catálogo da Avon, mas o trabalho dos alquimistas em seus laboratórios proporcionou a descoberta de vários elementos químicos, técnicas de separação de misturas e até mesmo remédios foram descobertos. No entanto, a transformação de metais em ouro nunca foi obtida e o porquê disso só seria explicado após os laboratórios onde se praticava alquimia se transformarem em laboratórios de química. A ciência moderna mostrou que a matéria é formada por átomos e que átomos de um determinado elemento químico não podem ser transformados em outro tipo de átomo. Se os alquimistas tivessem essa informação, talvez não perdessem tanto tempo na busca da transformação de metais pobres em ouro e quem sabe teriam se dedicado a um método clássico muito utilizado na antiguidade para se obter ouro: transforma-se metal em espada e com a espada consegue-se o ouro.

Voltemos ao átomo, um conceito tão comum para nós e que poderia ter mudado a vida dos pobres alquimistas. Se perguntarmos do que é feita a matéria para uma criança, é provável que muitas saibam dizer que a matéria é feita de átomos. Essa resposta praticamente já se tornou algo trivial, embora a humanidade tenha levado milênios para chegar nesse conceito. Embora tenhamos orgulho em saber que nossas crianças sabem algo que nem os maiores cientistas sabiam há 300 anos atrás, é bom lembrar que a palavra átomo surgiu no século V a.C. por meio de Leucipo e Demócrito, dois filósofos gregos que já imaginavam a existência de corpos indivisíveis (átomo em grego significa “o não divisível”), indestrutíveis e imutáveis. É claro que a idéia de átomo desses pensadores gregos se prestava à filosofia e era bem diferente da idéia de átomo que se tem hoje (por exemplo, ninguém mais diz que o átomo é indivisível, embora seu nome tenha esse significado). No entanto, as primeiras idéias acerca do átomo elaboradas pela ciência moderna também foram bastante modificadas até se chegar no modelo atômico atual.

Modelo atômico. Não se trata de nenhum personagem de quadrinhos. Esse termo provavelmente já causou muita confusão na sala de aula, misturando palavras como pudim de passas, lâmina de ouro, bombardeio com partículas alfas, etc... Quando iniciamos o estudo de Química Atomística, sempre começamos falando sobre os tais modelos atômicos. E aqui não será diferente. É extremamente necessário termos uma idéia clara do que é o átomo, como é sua estrutura e como ele se comporta, para poder seguir adiante no estudo de química. Se na química estudamos as transformações da matéria e a matéria é feita por átomos, então faz sentido gastarmos um tempo entendendo isso. A Físico-Química, a Química Orgânica e os todos os assuntos abordados pela Química Geral dependem de um conhecimento prévio sólido em Química Atomística. 

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